No dia 28 de novembro, aconteceu a primeira edição do “Workshop Diversidade Sexual – Precisamos falar disso!”. O evento, realizado pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e transmitido on-line, abordou iniciativas promovidas para ressaltar a importância da inclusão desse público e debateu desafios que ainda encontramos em nossa sociedade.
Temas como aceitação, empregabilidade e atendimento foram trazidos por profissionais de instituições como o Hospital São Camilo, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Santa Paula, Amil, GE, entre outros. Participou do debate também a primeira advogada trans com nome social no Brasil, Márcia Rocha, que contou sua experiência pessoal com o tema a partir da perspectiva legal.
Durante a manhã, Alexandre Sadeeh, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq/HCFMUSP), Marie Danielle Brulhart Donoso, do C.E.S Barra Funda, e Margarida Melhem, da Santa Casa de São Paulo, falaram sobre o acompanhamento adequado à pessoas LGBTTIAQ+ e sobre as melhorias a serem feitas em prol da diversidade na área da saúde, especialmente no atendimento, que vai desde a recepcionista até os profissionais da saúde.
“Muitas vezes os próprios pacientes não sabem o que está acontecendo com eles, há uma falta de nomeação para as experiências que eles tão vivendo. (…) Vamos ouvir essas pessoas e informar, vamos enriquecer todas as esferas, seja profissional ou familiar”, afirmou Marie Danielle, ao abordar a realidade de pessoas trans dentro do sistema privado de saúde.
Os profissionais esclareceram dúvidas muito pertinentes ao atendimento a pessoas LGBTTIAQ+, entre elas, as diferenças entre questões de sexualidade e questões de gênero. Essa diferenciação é parte essencial do entendimento da realidade desse grupo, já que pessoas trans, por exemplo, lidam com conflitos de gênero – algo socialmente construído – enquanto pessoas gays, lésbicas e bissexuais têm sexualidades divergentes da norma.
Em seguida, Fernanda Borin e Cecília Pizon, da Korn Ferry, contaram sobre o trabalho da empresa para melhor integração da diversidade no ambiente corporativo. Elas mostraram como o conceito de diversidade vem sendo ampliado ao longo dos anos, desde características como as variantes de condições sociais até às subjetividades da sexualidade e afetividade.
Essa visão de quão amplas podem ser as diferenças entre pessoas propõe um desafio ainda maior às instituições, mas tão urgente quanto a inclusão da população LGBTTIAQ+. Um ponto em com entre as duas palestras foi a necessidade de ampliar a escuta ao público, a fim de reconhecer as necessidades do mesmo mais rapidamente.
Com grande experiência nas áreas de liderança e RH, os convidados Wellington Nazaret, Thalita Queiroz e Ana Cláudia Manhaes deram dicas práticas de como engajar as equipes em ações corporativas que visam a diversidade e inclusão, com base nos resultados que tiveram na Bd – Becton Dickinson, Sodexo Do Brasil Comercial e General Electric do Brasil, respectivamente.
Rita de Cássia Calegari, do Hospital São Camilo, Rafael Ornelas, do Hospital Israelita Albert Einstein, Priscila Rosseto, da Américas Serviços Médicos e Esabela Cruz, do UnitedHealth Group falaram sobre desafios reais do dia a dia dos hospitais e convênios na busca por diversidade e inclusão. Apesar de reunir diferentes experiências relevantes, uma opinião é unânime: esse movimento não pode parar!
Diversidade sexual e inclusão de pessoas transexuais
Um dos conflitos mais recorrentes no sistema de saúde quando falamos da população LGBTTIAQ+ é o respeito ao nome social de pessoas trans. Esse representa um dos principais desafios, já que há necessidade de apresentar documentos e conflitos técnicos, como os modelos de prontuários que não permitem a inclusão de um nome social.
Já a empresária e primeira advogada trans com nome social na OAB, Márcia Rocha, dividiu sua história pessoal e todas as iniciativas e estudos sociais para melhorar a realidade das pessoas trans que nasceram de suas vivências e da união entre pessoas do mesmo grupo social. Entre os temas abordados, estão duas questões muito importantes para todos os mercados: empregabilidade trans e importância do nome social.
Ela também falou sobre a importância de quebrar preconceitos: “a grande maioria das pessoas trans não está na prostituição, está no armário, seja transicionada ou não”. Sobre sua experiência pessoal, contou: “O olhar do outro está me julgando o tempo inteiro, então eu tenho que ser ativista 24h por dia. A maneira como o mundo lidava comigo era muito diferente do que com homens ou mulheres”, diz.
Por fim, a Anahp reforçou a importância de eventos como esse. Para a diretora executiva da associação, Martha Oliveira, “a questão da diversidade sexual ainda é um desafio em vários aspectos e queremos compartilhar experiências positivas que trouxeram bons resultados. Fomentar esse debate junto aos hospitais, indústria e demais especialistas é essencial para construirmos juntos uma sociedade mais inclusiva, nesse momento, com o foco na saúde”.
Confira as fotos do evento:
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