Principal desafio é preparar os profissionais e acomodar as melhores soluções dentro dos processos e da cultura de cada organização
Na última quinta-feira (24), o Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais fechou a série de webinares de agosto, promovida em parceria com a Wolters Kluwer, com o tema Qualidade e Segurança. No último encontro, o assunto foi “Capacitando a liderança clínica: melhores práticas e insights para a implementação de núcleos de segurança do paciente”.
De início, Natália Cabrini, diretora de Estratégia e Comercial na Wolters Kluwer da América Latina, apresentou alguns destaques de uma recente pesquisa feita por sua empresa junto com a Anahp mostrando que 78,38% dos hospitais respondentes usam alguma solução de suporte à decisão clínica para ajudar no atendimento ao paciente e 100% acreditam que essas ferramentas contribuem para melhorias operacionais.
“Comparando ao mesmo tipo de estudo que fizemos em outros países em condições de desenvolvimento semelhantes, como China e Índia, o Brasil está muito à frente quando se trata de valorização e conscientização sobre a importância do conhecimento científico”, avaliou Cabrini.
Para Dario Fortes Ferreira, diretor médico corporativo no Grupo Kora Saúde, a disponibilidade de informação e sua aplicação na rotina assistencial foram fundamentais para a evolução da segurança do paciente nos últimos anos. “Desde a publicação do Errar é Humano (1999), temos mais de duas décadas de robusta produção de evidências científicas sobre o assunto. Quem trabalhava na área nos anos 2000, por exemplo, não tinha nenhuma das ferramentas que temos agora. Melhoramos muito”, avaliou.
Paola Andreoli, gerente da Qualidade e Segurança do Paciente no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, destacou, porém, que não é simples introduzir as boas práticas ensinadas pela literatura por causa do desafio de acomodar o recomendado aos processos internos e à cultura das instituições. “Esta é, provavelmente, a principal dificuldade que todos nós que trabalhamos nessa área enfrentamos para evoluir com os nossos projetos”, afirmou.
Najara Procópio Andrade, gerente de Segurança e Risco do Hospital Sírio-Libanês, acrescentou que o Núcleo de Segurança do Paciente deve ser protagonista nesse objetivo de conscientizar os profissionais e fazer com que a teoria se transforme em prática com bons resultados. “E a composição do grupo deve ser cada vez mais diversa, contemplando várias áreas, e substituir a hierarquia do poder pela hierarquia do conhecimento”, explicou.
Andreoli reforçou que um dos principais desafios é preparar profissionais formados para atuar tecnicamente em áreas específicas a olharem o cuidado com uma perspectiva mais abrangente de qualidade, segurança e gerenciamento de risco. “Além disso, hoje é indispensável capacitar para realizar a análise de resultados, pois em algum momento do processo será necessário lidar com números e produção de informação”, alertou.
Cabrini completou que não adianta conhecer e ter acesso às melhores soluções se isso não for integrado ao dia a dia dos profissionais. “Tudo tem que estar integrado dentro do fluxo de trabalho do hospital”, resumiu. E Andrade recomendou que a gestão precisa ser forte e resiliente, dando um passo de cada vez na direção da melhoria contínua. “A gente precisa trabalhar e virar o mindset rumo ao dano evitável zero”, finalizou.
Assista abaixo o debate “Capacitando a liderança clínica: melhores práticas e insights para a implementação de núcleos de segurança do paciente”