Jornada Digital: Atenção centrada no paciente exige evolução em diversas frentes

A transformação vem da soma da mudança de comportamento dos profissionais, avanços na formação e na governança, além de mais informação para pacientes e familiares

O Anahp Ao Vivo – Jornada Digital de agosto começou na última quinta-feira (08) e vai abordar os desafios relacionados à segurança do paciente em quatro encontros durante o mês. No primeiro debate, que contou com a participação de 761 pessoas, as especialistas convidadas discutiram o tema “Pilares da qualidade e segurança na atenção centrada no paciente” e concordaram que é necessário evoluir em muitos aspectos para uma assistência realmente focada nas pessoas. “Todos nós queremos colocar o paciente no centro do cuidado, mas ainda precisamos organizar as instituições para dar conta dessa mudança complexa”, resumiu Elenara Ribas, consultora para melhoria do sistema de saúde na MIRA Consultoria.

Gilvane Lolato, gerente de Operações na Organização Nacional de Acreditação (ONA) e membro da Sobrasp, destacou que o primeiro passo é estabelecer a prioridade de um atendimento respeitoso, que atenda aos valores e necessidades das pessoas. “E não se trata apenas dos pacientes, é preciso ter uma visão sistêmica que inclua os familiares nessa atenção”, explicou.

Ela reforçou que os profissionais precisam lembrar que os pacientes estão em um momento de vulnerabilidade e que a abordagem deve ser cercada de precauções, como nunca emitir opiniões pessoais e garantir a segurança das informações, por exemplo. “Além disso, a comunicação precisa ser a mais clara e detalhada possível”, ressaltou.

Maria Carolina Moreno, superintendente do Grupo IBES e ISQua Expert, seguiu a mesma linha e reforçou a necessidade de mudança de comportamento. “Como profissionais de saúde, é normal pensar que somos nós quem sabemos o que é melhor para o paciente, mas não é sempre assim. Ele pode não ter conhecimento técnico, mas é quem sabe o que é melhor para ele. Por isso, deve ser incluído nas decisões”, argumentou. E lembrou que o paciente tem o direito, inclusive, de recusar o tratamento.

Mara Machado, fundadora e CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), relacionou a discussão com o currículo das universidades. “O modelo hospitalocêntrico ainda não saiu da nossa formação, por isso as entrevistas clínicas continuam focadas no formato tradicional de diagnóstico e conduta. Precisamos fomentar a mudança na academia”, sugeriu. E acrescentou que os usuários também precisam de mais informação e educação. “No final, são eles que vão impulsionar a transformação”, avaliou.

Machado ponderou que, apesar de todos esses aspectos, é indispensável aprimorar a governança em geral para sustentar a evolução para uma assistência centrada no paciente. “Estamos enfrentando problemas do século 21 com um modelo de gestão do século passado”, afirmou. E ilustrou que, hoje, “trabalhamos emaranhados em ferramentas, sem processos ou pessoas com as competências adequadas”.

Moreno completou que este é um excelente momento para avaliar porque algumas práticas sedimentadas devem continuar sendo feitas da mesma forma. “Precisamos desconstruir alguns padrões que foram construídos durante o tempo e observar que podemos fazer diferente e melhor”, finalizou. 

Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais
O debate “Pilares da qualidade e segurança na atenção centrada no paciente” teve a participação de Mara Machado, fundadora e CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Maria Carolina Moreno, superintendente do Grupo IBES e ISQua Expert, e Gilvane Lolato, gerente de Operações na Organização Nacional de Acreditação (ONA) e membro da Sobrasp. A moderação foi feita por Elenara Ribas, consultora para melhoria do sistema de saúde na MIRA Consultoria. 

Assista ao evento sobre “Pilares da qualidade e segurança na atenção centrada no paciente” na íntegra!

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