Alinhamento das expectativas é fundamental para atração e retenção, organizações devem observar vínculo entre discurso e prática e EVP pode ser construído em conjunto com os colaboradores
Na terça-feira (12), a Anahp promoveu o webinar “Atração e Retenção de Talentos vs. Carreira em Y”, dentro do projeto Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais que, em abril, aborda a “Gestão de Pessoas”. Para iniciar a discussão, Raquel Oliveira, coordenadora do Grupo de Trabalho (GT) de Gestão de Pessoas da Anahp e gerente de Gestão Estratégica de Pessoas no Hospital Albert Sabin (MG), lançou a provocação: “Como construir um ambiente favorável para que as pessoas desejem construir a carreira em nossas empresas?”.
Cultura
No Hospital Santa Marta, uma das providências foi ligar a gestão de pessoas diretamente ao CEO, revelou a própria CEO da empresa, Luci Emídio. “Isso facilita a disseminação da cultura e torna os profissionais mais seguros dentro da organização”, justificou. Para Maria Carolina Lourenço Gomes, diretora-executiva de Gente e Gestão do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a assimilação cultural permite que os profissionais compreendam “porque estão aqui e porque as escolhemos”.
Nesse sentido, a maior parte dos participantes do webinar (42%) escolheu a “cultura organizacional” como fator “mais impactante para a sua decisão de trabalhar em determinada empresa” em enquete realizada durante o evento. Ao mesmo tempo, novamente 42% admitiram que a cultura organizacional do local onde trabalham não é clara para eles.
Gomes comentou que realmente “fazer a informação chegar lá na ponta” é um grande desafio e que, por isso, “é preciso repetir, repetir e repetir a cultura”, recomendou. Patrícia Sanchez, gerente de Atração de Talentos do Hcor, destacou a importância da liderança estar capacitada para “cascatear a mensagem”.
Discurso e prática
As especialistas concordaram que a atração e a retenção dependem, de início, do vínculo entre discurso e prática. Isabella Arruda Botelho, fundadora e CRO da Pin People, informou que o principal motivo dos desligamentos voluntários no primeiro ano são expectativas não atendidas, ou seja, a empresa não entregou o que prometeu. Ela alertou que nesses casos o ex-funcionário vira um detrator que não recomenda o local de trabalho e “nem o produto ou o serviço” do ex-empregador. “É preciso ter conexão entre o que diz e o que faz”, cobrou Raquel Oliveira, do Albert Sabin.
Sanchez, do Hcor, pegou o gancho para destacar a importância do processo de desligamento. “Damos muita atenção a esse ponto para identificar as oportunidades de melhoria e evitar que o profissional vá para o mercado como um detrator”, explicou.
De acordo com as executivas, clareza e transparência são fundamentais para atender às expectativas. Emídio, do Santa Marta, comentou a importância de uma política de promoções formal para que as pessoas se planejem e percebam justiça nas movimentações. Por outro lado, reconheceu que deve existir certo grau de flexibilidade, afinal a gestão de pessoas é um organismo vivo. Oliveira, Albert Sabin, acrescentou que, por ignorar exceções, a rigidez com o que está escrito pode acabar por “descartar o talento em vez de reter”. E Sanchez, do Hcor, acrescentou que “as regras não precisam ser engessadas, mas as ações devem ser coerentes com a cultura” em um cenário que Gomes, do Oswaldo Cruz, classificou como “flexível com consistência”.
EVP
Para a executiva do Hcor, é fundamental entender o que o colaborador espera de um plano de carreira e construir o EVP (Employee Value Proposition) em conjunto. “O profissional quer lugar de falar, participar de projetos diferentes e os planos não podem mais ser lineares. É importante ter um processo colaborativo”, explicou. Na enquete com os participantes, “as oportunidades não lineares – carreira em Y” são o segundo fator (25%) mais determinante para a decisão sobre o local de trabalho, atrás da cultura organizacional. Como comparação, o salário ficou apenas em quarto lugar (13%) no grau de importância.
Entender o que cada um deseja não é tarefa fácil, afinal, “essa é a primeira vez que temos quatro gerações trabalhando juntas”, como lembrou Botelho, da Pin People, que detalhou: “Baby boomers ainda querem realização profissional, Geração X continua buscando aprimoramento, Geração Y quer autonomia e reconhecimento e Geração Z vem com ambição, quer oportunidades e aprender”.
Carreira em Y
A carreira em Y, no entanto, é uma unanimidade como estratégia de gestão atualmente. “Os colaboradores devem perceber que podem se desenvolver como especialistas ou líderes e em diversas áreas”, comentou Botelho. Na enquete, porém, 66% afirmaram que as oportunidades de crescimento na empresa em que trabalham não são claras e 62% declaram que não existem opções de carreira em Y.
O modelo, realmente, é uma tendência que ainda está sendo adotado mesmo em hospitais de referência. “Estamos no início da implantação da carreira em Y”, revelou Gomes, do Oswaldo Cruz.
Processo saudável
Independentemente das metodologias específicas, as gestoras ressaltaram que a atração e a retenção devem ser saudáveis para ambos os lados. “A empresa não é boa para todo mundo o tempo todo”, resumiu a executiva da Pin People, lembrando que às vezes é natural que a conexão não ocorra. Para Oliveira, “alinhar o que a empresa e o que o colaborador querem é fundamental” e esse acordo deve ser renovado com frequência. “O colaborador tem que recontratar a empresa todos os dias”, finalizou.
Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais – Gestão de Pessoas
O webinar “Sucessão de liderança” teve a participação de Maria Carolina Lourenço Gomes, diretora-executiva de Gente e Gestão do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Luci Emídio, CEO do Hospital Santa Marta, Patrícia Sanchez, gerente de Atração de Talentos do Hcor e de Isabella Arruda Botelho, fundadora e CRO da Pin People. A moderação foi feita por Raquel Oliveira, coordenadora do GT Gestão de Pessoas da Anahp e gerente de Gestão Estratégica de Pessoas no Hospital Albert Sabin (MG).
O encontro aconteceu dentro do projeto “Anahp Ao Vivo – Jornadas Digitais”, uma série de eventos online, temáticos e gratuitos, que semanalmente vão reunir especialistas para debates relevantes. O próximo debate da jornada de “Gestão de Pessoas” acontece no dia 19 de abril, às 10h, e irá abordar o tema “Diversidade, Inclusão e o futuro das relações”. Inscreva-se gratuitamente.