Gerenciamento dos antimicrobianos é estratégico para a saúde

Modelo com SCIH integrado ao Stewardship oferece bons resultados com impactos assistenciais e econômicos

Na última terça-feira (12), a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) realizou mais uma edição do seu tradicional Café da Manhã, dessa vez em parceria com a BD, companhia global de tecnologia médica. O tema foi “Stewardship e IRAS: impacto clínico e econômico” e as discussões abordaram a integração entre os Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e o Stewardship para melhorar o desfecho assistencial e colaborar com o desempenho financeiro das organizações, e o gerenciamento de indicadores nessa área.

Ricardo Paul Kosop, diretor médico do Laboratório Caboracy Kosop (LabCK), lembrou a previsão de que as doenças infecciosas serão a principal causa de mortalidade no mundo até 2050 se não combatermos a administração descontrolada de antibióticos e a consequente criação de bactérias super-resistentes. “Apesar do risco, pouco mais de 40% dos hospitais no Brasil têm programas de controle de antimicrobianos”, revelou. E Angela Sola, enfermeira e mestre em Ciência da Saúde pela UNIFESP, completou que, mesmo onde estão presentes, muitas dessas iniciativas são precárias ou “só existem no papel”.

>> Assista ao evento “Café da Manhã com BD – Stewardship e IRAS: impacto clínico e econômico” na íntegra

Kosop afirmou que, atualmente, a microbiologia deve ser vista como estratégica pelos hospitais e ter uma equipe dedicada a produzir informações capazes de melhorar a assistência e otimizar o desempenho operacional de fato. Para isso, ponderou, é necessário começar adotando parâmetros e coletando dados de maneira sistemática, inclusive para sustentar os argumentos que vão viabilizar mais investimentos na área. “Temos que medir, observar e analisar. E depois repassar o conhecimento para todos os setores perceberem a importância e a sua relação com o que estamos fazendo”, explicou.

Nesse sentido, Sola abordou os indicadores relativos às infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) e explicou que eles “são medidas quantitativas contínuas ou periódicas de variáveis que geram conhecimento e permitem intervenções baseadas nesses resultados”. Os indicadores principais, continuou, são determinados pela Anvisa e obrigatórios em todos os hospitais do país. Em alguns estados, como São Paulo, ainda há exigências adicionais. “De qualquer maneira, o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) de cada organização é que deve definir o que medir de acordo com a legislação local e as características de cada operação”, esclareceu.

Indo para a prática, Kosop demonstrou a eficiência de um programa de gerenciamento de antimicrobianos orientado pelos resultados de um Antimicrobial Stwardhip Program (ASP) aliado ao Diagnostic Stwardship em Microbiologia. “É importante esclarecer que o Stwardship não é a mesma coisa que o SCIH. São coisas diferentes e devem funcionar de maneira independente e complementar”, destacou.

Para ilustrar, ele apresentou a experiência do Hospital Angelina Caron, com mais de 400 leitos na Grande Curitiba. Entre outros benefícios, o modelo otimizou sensivelmente a administração de antimicrobianos com a suspensão de medicação desnecessária ou a substituição por similares de menor custo. Em 12 meses, a despesa com antimicrobianos caiu de 13% para 10% do custo total da farmácia ou quase R$ 400 mil de economia na conta.

De acordo com o especialista, a tendência é que os resultados sejam ainda mais consistentes com a evolução das ferramentas. “Vamos incorporar novas tecnologias para aprimorar diagnósticos, envolver novos atores, como enfermeiros e até os familiares, fazer o seguimento do paciente pós-alta, promover a educação continuada dos profissionais e atrair mais investimentos”, finalizou.

Assista abaixo o “Café da Manhã com BD – Stewardship e IRAS: impacto clínico e econômico” na íntegra

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