A quantidade de novos casos de melanoma tem aumentado progressivamente no mundo inteiro e o Brasil é tradicionalmente conhecido por seus altos índices de câncer da pele – uma média de 200 mil casos estimados para 2015. Um dos mais agressivos é o melanoma cutâneo, que tem seu risco diretamente relacionado à profundidade que alcança na pele no momento de seu diagnóstico. Uma forma de detecção precoce é a dermatoscopia – técnica em que os sinais são analisados usando uma lente acoplada a um emissor de luz. Neste exame é possível uma avaliação estrutural dos sinais direcionando quais deles devem ser retirados para análise em laboratório.
Médico dermatologista do Hospital Mãe de Deus, Dr. Fabiano S. Pacheco afirma que em algumas situações, é utilizada ainda a dermatoscopia digital, método que permite armazenamento de imagens para fins comparativos, permitindo a visualização de pequenas modificações durante o acompanhamento geralmente anual do paciente e determinando de modo ainda mais preciso a indicação de retirada de um sinal. Tal exame tem sua indicação principal para pacientes que tiveram melanoma cutâneo anteriormente, aqueles com sinais irregulares em grande quantidade e ainda aqueles com história de familiares com a doença.
Ele relata que, em recente evento internacional de dermatologia, em Viena, estudos mostraram que os melanomas surgem de sinais pré-existentes em sua minoria. Desta forma, a maior parte desses tumores já aparecem no paciente como sendo um melanoma – inicialmente muito pequenos e superficiais, mas evoluindo progressivamente e de forma mais evidente. Por isto, a dermatoscopia digital costuma ser acompanhada do mapeamento de sinais, que permite detectar o surgimento de novos sinais na pele do paciente, durante seu acompanhamento habitual.
Embora seja um importante instrumento para detecção precoce de melanomas, o Dr Fabiano alerta que no Brasil, apenas uma pequena parcela dos pacientes tem acesso a tais exames, muitas vezes por desconhecimento ou por não serem orientados por seu médico a realizar o exame, outras vezes por limitação de seus convênios (que tradicionalmente não tem cobertura para eles). “É importante ressaltar que grandes hospitais permitem o acesso de pacientes do SUS a estes exames, dentro de sua disponibilidade, que é limitada”, acrescenta.
Na opinião do dermatologista, considerando o aumento dos casos de melanoma e sua gravidade, associados ao custo alto de seu tratamento, tornam-se imperativas políticas públicas que facilitem o acesso dos pacientes a tais exames. “Se entendermos que tais exames não trazem risco, necessitando apenas de equipamento e profissional habilitado, e focarmos mais na prevenção e detecção precoce de grave doença, talvez vejamos um declínio destes índices progressivos nos próximos anos em nosso país,” conclui Pacheco.
Fonte: Hospital Mãe de Deus – 12.08.2015