Tornar públicas as relações entre tomadores de decisão e empresas, educar os colaboradores e instituir controles são algumas medidas que ajudam a evitar a materialização da prática
Tornar mais transparentes as relações entre profissionais e empresas, indústrias ou outras entidades é um dos principais meios para mitigar possíveis conflitos de interesse em uma organização. Isto porque a prática se configura quando, por conta de um interesse próprio, um funcionário age contra os princípios da empresa, tomando uma decisão enviesada ou até inapropriada.
Na área da saúde, isso também ocorre. Um dos casos mais marcantes em relação ao tema foi a “máfia das próteses”, denunciado em 2015 por uma reportagem, que revelava a conduta ilícita de alguns profissionais ao indicarem e utilizarem marcas comerciais específicas de órteses, próteses e materiais especiais (OPME) em detrimento da saúde e da segurança dos pacientes.
Para a diretora de Riscos, Auditoria e Compliance do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Comitê de Compliance da Anahp, Viviane Miranda, as interações entre profissionais da saúde e a indústria são muitas e necessárias, mas é preciso cautela. “A indústria investe muito dinheiro e recursos em pesquisa, desenvolvimento, tratamentos e tecnologias, tudo para poder aprimorar a saúde, o que é totalmente legítimo. E a forma como tudo isso é divulgado é, geralmente, por meio da interação com o profissional da saúde, o que também é legítimo, mas às vezes pode passar um pouco do limite.”
As relações empresariais no setor estão cada vez mais complexas e societárias, de acordo com Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos. Por isso o tema sempre deve estar atrelado à transparência. “É importante ter uma grande divulgação. Um médico, um diretor ou qualquer tomador de decisão dentro do hospital precisa abrir toda sua vida do ponto de vista de relações com empresas do setor para que fique público”, diz.
Para continuar lendo, clique aqui e baixe gratuitamente a edição 75 da revista Panorama.
