Promovido pela empresa parceira 3M na sede da Associação em São Paulo no dia 22 de outubro, este Café da Manhã debateu os desafios do cuidado no cenário da assistência domiciliar e o processo de desospitalização como ferramenta de continuidade do cuidado. O evento foi dedicado a enfermeiros e gestores que atuam na assistência domiciliar e contou com a presença de mais de 50 participantes.
Na abertura do encontro, Poliana Constantino, enfermeira intensivista pelo Instituto Israelita Albert Einstein apresentou conceitos básicos da atenção médica feita em domicílio e como isso é importante no prosseguimento do tratamento do paciente. A atenção domiciliar é forma de atenção à saúde, oferecida por um conjunto de ações de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da condição clínica do paciente, com garantia de continuidade do cuidado integrado às instituições hospitalares ou clínicas. Para a enfermeira, “a vantagem da atenção domiciliar é que a equipe pode estabelecer uma relação de confiança com o paciente, além de proporcionar um ambiente propício para conduzir o tratamento”.
A palestrante também apresentou o perfil do paciente que, de uma forma geral, necessita de cuidados em domicílio após a alta no hospital. Normalmente são idosos, pacientes com doenças crônico-degenerativas, em condições pós-operatórias, com pós traumas (tetraplegia, por exemplo), doenças autoimunes e com sequelas de acidentes vasculares cerebrais. “São pacientes com condições que afetam sua mobilidade ou capacidade de independência em algum nível”, explica.
Poliana também comentou no Café da Manhã sobre alguns tipos de lesões de pele em idosos que necessitam de cuidados domiciliares, como a Dermatite Associada à Incontinência (DAI), que corresponde a lesões ou erosões na pele devido à exposição a urina ou fezes, e que ocorre geralmente em pessoas que necessitam usar fraudas e que ficam muito tempo deitadas. Algumas estratégias precisam ser adotadas para prevenir esse tipo de lesão, como a mudança de posição a cada duas horas na cama para reduzir a pressão, uso de colchões especiais e travesseiros para apoio, alimentação e higiene adequadas, além de manter a pele sempre hidratada.
Gerente de enfermagem no Hospital Vera Cruz de Campinas, Maria Cristina Oliveira falou sobre o processo de desospitalização, que se refere ao momento em que o paciente tem a transição de seus cuidados para sua residência. Segundo ela, isso deve ser feito de maneira planejada, com todos os tipos de cuidado que serão necessários, quem prestará a assistência, além de incluir uma lista de medicações com dosagens e informações de uso. “É importante aliar tecnologia, comunicação, educação, além de orientar profissionais e cuidadores que atuam com atenção domiciliar”, opinou.
Maria Cristina trouxe para o debate que a desospitalização é um conceito que tem crescido por necessidade de abrir vagas no sistema de saúde para pacientes com condição aguda mais grave, que possuem a necessidade real de internação hospitalar. “É uma mudança de paradigma e cultura que visa a melhoria e redução do desperdício de recursos. O objetivo não é dar alta precoce, mas prestar todo o suporte para que o tratamento tenha continuidade com êxito”, concluiu.